sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti pede ajuda internacional após forte terremoto

Abalo atingiu 7 graus na escala Richter. O Brasil comanda cerca de 7 mil soldados da força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti

O embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Raymond Joseph, pediu ajuda internacional para atenuar os danos materiais e humanos provocados pelo forte terremoto que atingiu o país no início da noite desta terça-feira.





Em entrevista concedida à rede de televisão CNN, o embaixador disse que as consequências do terremoto, cuja intensidade foi de 7,0 graus na escala Richter, pode ter tido proporções “catastróficas”. “A única coisa que posso fazer agora é rezar e confiar em que o pior não aconteça”, disse.

O terremoto, que provocou um alerta de tsunami para partes do Caribe, incluindo o Haiti, a República Dominicana, Cuba e Bahamas, foi seguido de dois tremores fortes, de magnitudes iniciais de 5,9 e 5,5. Por enquanto, não há relatos de vítimas.

O epicentro do terremoto foi dentro do território haitiano, a 22 km da da capital Porto Príncipe, e teve profundidade de 8 km. Um grande terremoto, de magnitude 7,0 ou maior, é capaz de provocar danos graves.

“A ameaça de um tsunami extenso e destrutivo não existe com base em dados históricos de terremoto e tsunami”, disse o segundo o Centro para Alertas de Tsunami no Pacífico. “No entanto, há a possibilidade de um tsunami local, que pode afetar o litoral a não mais de 100 km do epicentro do tremor”.

Um hospital teria desabado com o terremoto, segundo informações de autoridades e testemunhas. Um operador de câmera da agência Associated Press teria visto o hospital de Petionville desabar, mas não informou maiores detalhes.

“Todos estão totalmente aterrorizados e atônitos”, disse Henry Bahn, funcionário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que visita o país caribenho. Bahn disse que caminhava no seu quarto de hotel quando a terra começou a tremer.

O Haiti é o país mais pobre do Ocidente. O Brasil comanda cerca de 7 mil soldados da força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, enviada ao país em 2004, e tem cerca de 1,3 mil homens na região. O Ministério da Defesa brasileiro informou não saber se o terremoto teria afetado as forças brasileiras no Haiti.

O terremoto também foi sentido com força em grande parte da República Dominicana e de Cuba, mas não há até agora informações sobre vítimas ou danos nestes países.

Com agências internacionais

Fonte: Terra

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

2010 poderá ser ano ainda mais quente, prevê instituto



O ano de 2010 poderá bater todos os recordes de temperatura, apesar de o Sol estar em um período de baixa atividade.

Apesar da ladainha de que o aquecimento global "parou" em 1998, 2009 terá sido um dos cinco anos mais quentes já registrados desde que as medições por termômetros começaram, em 1850.

Na década 2000-2009, a temperatura média do planeta foi 0,4 ºC maior que a registrada entre 1961 e 1990, segundo o Met Office (serviço de meteorologia britânico). O Met Office prevê que 2010 tem chance de encabeçar a lista.

O balanço de temperaturas deste ano é mais notável quando se considera que desde 2008 o Sol se encontra mergulhado num "mínimo profundo" de atividade, do qual só começou a sair em meados deste ano. Segundo a Nasa (agência espacial dos EUA), tamanha calmaria na atividade solar não era observada desde 1913.

Os especialistas estimam que o retorno à atividade máxima só ocorra em 2013. Enquanto isso, a contribuição solar para as variações climáticas é equivalente a apenas um décimo da contribuição dos gases de efeito estufa antropogênicos - ou seja, o clima da Terra não deve esperar o retorno da atividade solar para bater recordes.

"Enquanto a temperatura média global foi de 14 ºC entre 1961 e 1990", explica o Met Office, a de 2010 deve ficar ao redor de 14,58 ºC. James Hansen, diretor do Instituto Goddard de Ciência Espacial, da Nasa, estima uma chance maior que 50% de que isso ocorra mesmo.

A participação do Brasil nesse encontro fajuto teve duas manifestações importantes: uma, visível pela televisão, a expressão facial contrariada entre Carlos Minc, ministro do Meio-Ambiente - Lula só lhe dá jurisdição sobre meio ambiente; a outra metade é dos desmatadores financiantes de campanhas - e Dilma). Só quem não viu não percebeu dois ministros do mesmo governo totalmente em desacordo (O que Minc faz num governo sabidamente favorável à transformação da Amazônia num cerrado?). A outra mnanifestação, deslavada, foi haver 800 delegados, pagos com descontos de nossos salários e impostos, para não fazer nada, já que não se registrou participação deles nas discussões. Foi pagamento prévio de posterior trabalho como cabo eleitoral? Lula me perguntou se autorizava pagamento a cabos eleitorais de Dilma, sua laranja para 2014? O Superior Tribunal Eleitoral continua recebendo seus vencimentos, mesmo com campanhas eleitorais correndo soltas, antes de sua autenticação? Nós, que pagamos tudo isto, fomos perguntados se concordávamos? Acho que eu não estava em casa no dia da consulta! Que moral terá o eleito, às minhas cusrtas, mas sem minha autorização? Não está na hora de os eleitores que pensam manifestar o que pensam?

Azeite reduz risco de câncer

De acordo com pesquisas realizadas por cientistas dinamarqueses, do Hospital Universitário de Copenhagen, o consumo de azeite extra-virgem pode auxiliar na prevenção do câncer. Durante duas semanas, foram monitorados 182 pessoas e o resultado final foi de que, todos que consumiram no mínimo 25 ml de azeite por dia, apresentaram níveis mais baixos de uma substância que enfraquece as células do corpo bem como de fatores que deprimem a imunidade. Isto porque o alto teor de ácido oléico - principal ácido graxo do azeite - contribui para neutralizar, de forma significativa, o gene da doença chamado Her-2. O azeite de oliva é rico em gordura monoinsaturada e seu consumo regular, aliado à presença de antioxidantes, provoca inibição dos radicais livres agindo diretamente no crescimento de tumores, lesões e atenuando reações inflamatórias.


Durante os estudos, os cientistas observaram que, na prevenção do câncer o azeite de oliva extra-virgem é o mais indicado por conter a substância semelhantes ao ibuprofeno - um importante agente antiinflamatório-, além de ser útil no combate às doenças crônicas por ter as suas características fortalecidas a partir do seu preparo. "No processo de fabricação é necessário que a oliva seja prensada em uma temperatura baixa, ou seja, a frio para não destruir suas propriedades. O extra-virgem é classificado como o melhor da categoria, pois além do alto teor de antioxidantes, tem acidez de até 1%, o que significa que quanto mais baixo for o teor melhor será a qualidade", pondera Dr.Daniel Magnoni, chefe do setor de nutrologia e cardiologista do Hospital do Coração.

O azeite extra-virgem é reconhecido pelo FDA - Food and Drug Administration -, como um alimento com características funcionais que, pela presença de antioxidantes reduz os riscos do câncer bem como fortalece o sistema imunológico. "Enquanto os outros óleos são produzidos a partir das sementes, o azeite é o único óleo extraído da fruta (azeitona), que possui gordura monoinsaturada, vitaminas e minerais, além de ser fonte de vitamina E além de vários compostos que são antioxidantes. Ao consumir o azeite de oliva estamos ingerindo 77% de gordura monoinsaturadas, 14% de saturadas e 9% de polinsaturadas, o que torna o óleo mais saudável em relação aos outros", explica Dr.Magnoni.

O azeite de oliva é rico em gorduras monoinsaturadas, que ajudam a elevar o HDL (colesterol "bom") e a reduzir o LDL (colesterol "ruim"). Cerca de 20% das calorias diárias consumidas por uma pessoa devem vir da gordura monoinsaturada, 10%, da poliinsaturada e até 7%, da saturada. No caso de diabetes, a substituição de gordura saturada pelo azeite melhora a resistência à insulina e conseqüentemente diminui a glicose do diabético.

Sobrevivente de duas bombas atômicas morre aos 93 anos no Japão


Segundo jornais locais, Tsutomu Yamaguchi sofria de câncer de estômago.
Ele era o único sobrevivente oficial que passou pelas duas bombas.


Tsutomu Yamaguchi, em foto de arquivo de 2007 (Foto: Kyodo News/AP)

Tsutomu Yamaguchi, o único sobrevivente oficialmente reconhecido das duas bombas atômicas que atingiram o Japão no final da Segunda Guerra Mundial, morreu aos 93 anos.

Na época dos bombardeios, em agosto de 1945, Yamaguchi estava em Hiroshima para uma viagem de negócios pela sua empresa de construção naval. Ele teve queimaduras graves e passou a noite lá. Quando voltou para sua cidade, Nagazaki, foi atingido pela segunda bomba, três dias depois. O Japão se rendeu no dia 15 de agosto, acabando com a guerra.

O prefeito de Nagasaki disse que "um precioso contador de histórias havia sido perdido" em uma mensagem postada no site da prefeitura. Yamaguchi morreu na última segunda-feira, sofrendo de um câncer de estômago, informaram jornais locais.


Ele era o único sobrevivente das duas bombas oficialmente reconhecido pelo governo, apesar de outras pessoas já terem sido identificadas na mesma situação. A identificação oficial dá ao sobrevivente compensações financeiras, exames médicos gratuitos e pagamento dos custos funerários.

Em anos anteriores ele havia dado palestras sobre sua experiência (falou na ONU em 2006) e escreveu livros e músicas a respeito do tema

O QUE PENSA A MÍDIA

MAIS DEZ ANOS
EDITORIAL
O GLOBO


Qualquer linha que se trace do Brasil de 1990 ao de 2010 será ascendente - na política, na economia, no social, mesmo que em um ou outro ponto haja ganhos mais pronunciados. Collor, no início da década de 90, se virou sinônimo de corrupção na política, teve o mérito de lançar a pedra fundamental da agenda de liberalização da economia. Quando ficou emparedado no Congresso, foi protagonista de um fato histórico: a retirada de um presidente do Palácio dentro da lei, sem um tiro, uma vidraça estilhaçada nas ruas. O dramático desfecho do mandato do primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de 1960 ajudaria a sedimentar as instituições republicanas, o estado de direito democrático.

Em seguida, viria outro período histórico, o da subjugação de um processo grave, renitente, pernicioso de descontrole dos preços. Inaugurada pelo vice de Collor, Itamar Franco, esta fase teria no centro Fernando Henrique Cardoso e equipe, os quais, em vez de tentarem repetir a fórmula salvacionista da "bala de prata" contra a inflação, construíram uma engenhosa política de desmontagem dos mecanismos de realimentação da alta dos preços pela inércia, consubstanciada no Plano Real. Consolidou-se, neste ciclo, a bipolaridade na política brasileira: tucanos (PSDB) de um lado, no poder, e o PT, de outro, numa oposição intransigente. Por peculiaridade histórica, FH e Lula, as duas lideranças que seriam sinônimos de seus partidos, saíram da mesma frente de combate à ditadura militar, instaurada em 1964 e superada em 1985, por meio de uma bem negociada transição para a democracia.

Estiveram juntos na campanha das Diretas Já, mas se separariam por uma divergência estratégica: Lula optara por criar um partido classista, o PT, enquanto FH se mantivera numa linha social-democrata. Depois, sairia do PMDB para ser um dos fundadores do PSDB. Nos seus oito anos de governo (1994-2002) ocorreram avanços institucionais importantes - sempre criticados pelo PT oposicionista. Além do próprio Plano Real - o início de tudo, pois com inflação alta seria impossível avançar nas reformas -, as privatizações, as agências reguladoras, o início de uma reforma administrativa, para dar eficiência à máquina pública, e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Com Lula, vitorioso enfim em 2002 - depois de três derrotas sucessivas, para Collor e FH -, houve recuo em algumas áreas. Condicionado pelas alianças com sindicatos, em especial os do funcionalismo público, Lula paralisou a reforma administrativa, engavetou privatizações, garroteou as agências reguladoras. Mas teve o bom senso de manter da Era FH princípios-chave de política econômica: câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário nas contas públicas, este para evitar o descontrole da dívida interna. Colocou, ainda, no BC um experiente executivo do mercado financeiro global, Henrique Meirelles, e deu-lhe autonomia operacional. Outro acerto.

Lula repetiria a dobradinha de mandatos consecutivos obtidos por FH. À parte a rivalidade aguçada entre os dois desde a posse de Lula em 2003 - em que pese o elevado nível de espírito público e de civilidade demonstrado na fase de transição, no final de 2002 -, este relativo continuísmo de política econômica foi o lastro sobre o qual Lula pôde usufruir um dos mais longos e sincronizados ciclos de crescimento mundial - poderia ter surfado melhor a onda, caso executasse reformas, é bem verdade. Mas o continuísmo constituiu outro fato histórico: o Brasil ficou mais parecido com países sérios, maduros, onde, seja qual for o governo, certos princípios lógicos e irrefutáveis continuam a ser seguidos.

O segundo decênio do século XXI começa com uma especificidade: depois de cinco eleições presidenciais consecutivas, pela primeira vez o nome de Lula não constará da cédula. O fato aguça as expectativas da oposição e coloca na ordem do dia da eleição de 2010 a questão da maior ou menor capacidade que terá Lula de transferir para Dilma Rousseff sua elevada popularidade.

Pelo menos o enredo escrito até hoje, dia 1º de janeiro, garante a repetição do teste de forças entre um tucano (José Serra) e um petista (Dilma). Petistas pretendem converter a campanha num plebiscito: nós contra eles; quem mais cresceu na economia e no campo social, quem governou melhor. Qualquer marqueteiro do PT avalizaria a estratégia, por ela ser favorável à Era Lula. Afinal, campanha política não tem espaço para certas nuances: como a de que, na realidade, o governo Lula terá sido, em parte, uma sequência da gestão FH, com mais ênfase nos gastos públicos assistencialistas.

A melhor discussão para o país será sobre o futuro. Há uma bifurcação à frente: o próximo governo continuará a explorar o modelo do Estado provedor, recolhedor implacável de altos impostos em nome de um redistributivismo que desfavorece os investimentos em segmentos estratégicos carentes - infraestrutura, educação - ou retomará reformas necessárias (do Estado, tributária, previdenciária)? Por outro ângulo: com uma carga tributária de 36% do PIB, salários do funcionalismo absorvendo 5% do PIB, enquanto a claudicante e cada vez mais deficiente infraestrutura do país recebe do Estado apenas pouco mais de 1%, até quando este modelo continuará de pé? Como, desde FH, as despesas públicas com o custeio crescem em velocidade excessiva, chegou a hora do ajuste. De que forma ele deve ser feito? Vai depender das respostas a perguntas como estas se o Brasil continuará em linha ascendente nos próximos dez anos.

MANCHETES QUE QUERÍAMOS PUBLICAR
EDITORIAL
JORNAL DO BRASIL
1/1/2010

Como o país só volta a funcionar na segunda-feira, vale a pena que nos permitamos um discreto devaneio neste primeiro dia de 2010. Pensar em como seria melhor o mundo no novo ano se este JB pudesse publicar algumas manchetes.

Vamos, pois, a elas.

“Acabou a fome no mundo”. Sonho distante. Em 1974, a Conferência Mundial sobre a Alimentação fixava a meta de eliminar essa chaga de nosso planeta até 1984 – previsão, como se sabe, furada. Agora, voltam as metas de redução pela metade do número de famintos até 2020. Prevê-se que uma massa de 1 bilhão e 300 milhões ainda passará fome naquele ano. Só crianças subnutridas, elas somarão 132 milhões. Um pouco abaixo dos 166 milhões de 1997, mas ainda muitas: uma a cada quatro crianças passará fome. Há luzes no fim do túnel, aqui e ali: a América Latina deve eliminar a fome do continente até 2020. A China também reduzirá pela metade seu exército de crianças subnutridas com a política do filho único. A tragédia, porém, continuará na África, onde se anuncia um aumento da fome: a desnutrição infantil passará a algo entre 39 e 49 milhões, em 2020.

“Todos os países que integram a ONU acordam paz definitiva”.

Outro sonho que parece utópico. Estudo de um instituto sueco especializado em indústrias de armamentos em todo o planeta divulgou o seu relatório anual, com números de 2007, o qual mostra que a despesa militar no mundo chegou a US$ 1,2 trilhão. O gasto médio per capita subiu de US$ 173 para US$ 184. Os maiores torradores de dinheiro foram os Estados Unidos, que de 2001 a 2006 desembolsaram US$ 432 bilhões anualmente – segundo as estimativas do instituto, só no Iraque devem ser gastos até 2016 um total de US$ 2,2 trilhões.

Se todo esse inimaginável volume de dinheiro fosse investido na melhoria da vida das pessoas, a primeira manchete sonhada aqui não estaria tão distante.

“Ano termina sem um único caso de dinheiro público mal gasto pelos políticos”. Essa até dá para imaginar que possa ser escrita um dia. Não em 2010, pois ainda teremos um elenco político contaminado pelas lembranças de mensalões e maços de reais em meias e cuecas. Mas, diferentemente dos sonhos anteriores, este depende apenas da ação da população. É ela, nas urnas, que escolhe quem a representa. Se fizer o dever de casa bem feito em 2010, talvez possamos escrever algo melhor na manchete ou na editoria de política.

“Descoberta a cura do câncer e da Aids”. Mais uma vez, o sonho esbarra no dinheiro. Em congresso internacional realizado há um ano em Nova Orleans, um pesquisador americano fez o cálculo de quanto gastaria um doente com câncer de intestino avançado, que vivesse 18 meses usando dos principais antineoplásicos disponíveis: US$ 250 mil, sem contar gastos com analgésicos, exames, consultas ou internações. Quem pagaria essa conta? Publicar essas manchetes equivaleria a imaginar atingir a perfeição. Sabemos que beiramos o impossível, mas jamais devemos perder a capacidade de buscar o sonho. Se negligenciarmos um único dia essa fé, aí é que o inatingível se materializará. Tomara que nossos líderes pensem assim. Um grande 2010 a todos!
Se o dinheiro das guerras fosse para alimentar os povos, poderia anunciar-se o fim da fome

FELIZ ANO-NOVO
EDITORIAL
O ESTADO DE S. PAULO
1/1/2010

O novo ano será bom para a economia brasileira, com forte aumento da produção e recuperação do emprego, segundo as previsões não só do governo, mas também do setor privado. "O ano de 2009 acabou sendo melhor que o esperado e as expectativas para 2010 são realmente positivas", resumiu há alguns dias o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. O pessimismo do último verão, quando a atividade chegou ao fundo do poço, parece não haver deixado marcas no empresariado. O Índice de Confiança da Indústria, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atingiu em dezembro o nível de 113,4 pontos, superior à média dos últimos 10 anos (100,4) e muito acima do apurado em janeiro (75,1), o segundo menor da série iniciada em 1995. As principais fontes de preocupação continuam sendo os gastos do governo, os impostos muito altos e o real muito valorizado, um pesadelo para os produtores nacionais.

A projeção mais otimista de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi divulgada pela Fiesp: 6,2%, com a expansão liderada pela indústria de transformação (9,5%). A aposta da Confederação Nacional da Indústria é um pouco mais baixa: 5,5% de aumento para o PIB e 7% para a indústria. Isso bastará para a produção industrial superar no primeiro semestre o nível de antes da crise. Será um resultado invejável para a maior parte do mundo. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo é mais moderada em suas projeções, apontando como tendência mais provável um crescimento econômico na faixa de 4,5% a 5%. Será um resultado razoável, embora a economia brasileira, neste momento, pareça ter impulso para uma expansão maior.

A produção deverá crescer, como em geral ocorre nas fases de recuperação, mais velozmente do que o emprego. As empresas levam algum tempo para iniciar a recomposição dos quadros. O emprego industrial deverá aumentar 5,3%, segundo a Fiesp, mas só em dezembro voltará ao nível anterior à crise. As contratações, de toda forma, deverão permitir um bom aumento da massa de salários durante o ano e isso alimentará a expansão do consumo. O crédito, naturalmente, será um estímulo a mais para as famílias irem às compras.

A maior parte das projeções aponta uma inflação no centro da meta ? 4,5% ? ou muito perto desse ponto. As estimativas do Banco Central (BC) são muito parecidas. Se apenas esse detalhe fosse considerado, ninguém se preocuparia com a próxima elevação dos juros básicos, Mas o novo Relatório de Inflação do BC, divulgado em dezembro, indica uma rápida ocupação da capacidade produtiva.

Essa tendência é corroborada pela pesquisa da FGV sobre o Índice de Confiança da Indústria. Segundo os entrevistados, o nível de utilização da capacidade instalada aumentou em dezembro pelo nono mês consecutivo, tendo chegado a 83,8%. Pela estimativa do BC, o grau de ocupação poderá atingir 86,5% em maio, muito perto do recorde registrado em junho de 2008, quando a economia avançava em ritmo acelerado.

Trocando em miúdos, tudo isso quer dizer risco de pressão inflacionária por excesso de demanda. Se houver essa pressão, o efeito só se manifestará alguns meses depois, provavelmente em 2011. Como a regra do BC é a ação preventiva, os juros subirão antes de surgirem sinais mais fortes de inflação. Mas, segundo todas as projeções, haverá forte expansão dos investimentos em 2010, com grandes compras de máquinas e equipamentos. Isso poderá diminuir o risco de descompasso entre a oferta e a procura de bens e serviços. É algo para ser conferido.

Todas as projeções indicam uma forte redução do superávit comercial em 2010. As importações aumentarão cerca de 30%, impulsionadas pela expansão da economia e favorecidas pelo real valorizado. As exportações crescerão a metade disso. As estimativas do excedente comercial oscilam entre US$ 10 bilhões e US$ 13 bilhões, aproximadamente. O déficit em transações correntes poderá chegar a uns US$ 40 bilhões e será financiado principalmente com o investimento estrangeiro direto. Isso não será problema, se o déficit for controlado e reduzido nos anos seguintes. Para manter saudáveis os fundamentos da economia, o governo precisará conter seus gastos de custeio ? a começar pela folha de pessoal ? e tornar mais eficiente o uso do dinheiro público. O contrário é o mais provável num ano eleitoral. E depois?

O MERCADO DE RESSEGUROS
EDITORIAL
O ESTADO DE S. PAULO
1/1/2010

O mercado de resseguros foi aberto há três anos, quando se pôs fim ao monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), que funciona, agora, como uma companhia privada, tendo de reduzir as despesas administrativas, cortar pessoal, aumentar ativos e disputar com 55 companhias, entre elas, filiais das grandes resseguradoras globais que chegam ao mercado brasileiro.

O IRB é uma empresa mista, com 50% de capital do Tesouro nacional, que controla a companhia, e 50% distribuído entre 30 seguradoras privadas, que têm ações preferenciais, sem direito de voto. A Bradesco Seguros e a Itaú Seguros são as maiores acionistas individuais. O Banco do Brasil está autorizado a adquirir uma parte das ações do Tesouro ? e poderá se tornar acionista majoritário do IRB.

O resseguro é feito pelas seguradoras que pretendem assumir riscos superiores à sua capacidade financeira e buscam com quem dividir a responsabilidade. Navios, aviões e veículos em geral são segurados desde a construção, primeiro pelo fabricante e depois pela empresa transportadora ou pelo usuário final. As frotas de dezenas de milhares de veículos que ficam nos pátios das montadoras são seguradas contra intempéries. Uma chuva de granizo pode danificar os veículos, causando prejuízo vultoso para as seguradoras e para as companhias de resseguros. Plataformas de petróleo e usinas hidrelétricas também são seguradas por enormes valores. Para um risco de US$ 500 milhões ? montante semelhante ao valor pago pela indenização da Plataforma P-36, da Petrobrás ? são necessárias 60 resseguradoras.

O mercado de prêmios de seguros do Brasil ainda é pequeno (pouco superior a 3% do PIB) comparado ao de países desenvolvidos (8% do PIB, em média) e tende a crescer com o aumento da renda e a valorização do real. Mas o valor dos patrimônios segurados já atingia R$ 5,5 trilhões, segundo os últimos dados de 2007.

O IRB detém mais da metade do mercado de resseguros. Foi protegido, na abertura do mercado, por preferências: as seguradoras eram obrigadas a oferecer ao IRB 60% dos negócios, porcentual que cairá para 40% neste ano. E não é fácil competir com o IRB, pois as resseguradoras instaladas no País estão divididas em categorias ? locais, admitidas e eventuais ? e as locais têm prioridade na subscrição dos resseguros. Isto inibiu os investimentos maciços, esperados das resseguradoras estrangeiras.

Enquanto era o único ressegurador brasileiro, o IRB tinha vantagens comerciais, podendo transferir riscos a resseguradoras globais a custos baixos e condições favorecidas. Em contrapartida, era obrigado a ressegurar os riscos que lhe fossem apresentados. Mas, mal gerido, o IRB transformou-se em fonte de prejuízos para a União e de desmandos e empreguismo em dependências no exterior. Foi, durante muito tempo, um feudo controlado por partido político.

A profissionalização do IRB foi acelerada na gestão Marcos Lisboa e prosseguiu, em 2006, com a indicação de um ex-funcionário graduado do Banco Central, Eduardo Nakao. Agora, para enfrentar o mercado o IRB criará uma diretoria comercial, selecionará os riscos mais rentáveis e aumentará sua capacidade de cobertura de resseguros no exterior, informou Nakao. "A primeira constatação é que o IRB precisava se aproximar dos clientes e dispor de uma capacidade de colocação de riscos no exterior em substituição à capacidade que passou a ser oferecida pelos resseguradores que decidiram atuar como empresas locais no Brasil."

Os ramos prioritários do IRB passarão a ser aviação, bens industriais, energia e engenharia. Seguros contra eventos naturais ? por exemplo, as inundações que afetaram São Paulo ou chuvas de granizo ? tendem a ser evitados. Para as empresas com atividades de alto risco, o custo dos seguros poderá ser mais elevado. Por exemplo, uma estatal com apólices de R$ 9 bilhões para cobertura de riscos operacionais e de R$ 500 milhões para coberturas de responsabilidade civil pagou, em 2009, prêmios 8% maiores que os de 2008. O custo alto pode inibir um mercado essencial para a proteção das famílias e dos negócios.

A ARBITRAGEM TRABALHISTA
EDITORIAL
O ESTADO DE S. PAULO
1/1/2010

A arbitragem está disciplinada por lei há muitos anos e vem sendo aplicada cada vez mais em matérias cível e comercial. Continua, porém, enfrentando forte resistência no âmbito da Justiça do Trabalho. A Lei de Arbitragem foi editada em 1996 e, quatro anos depois, entrou em vigor a Lei 9.958, que alterou a velha Consolidação das Leis do Trabalho da ditadura varguista, criando as comissões de conciliação prévia, de composição paritária, com representantes de empregados e empregadores. Com a atribuição de conciliar os conflitos individuais de trabalho, essas comissões podem ser constituídas por empresas, grupos de empresas, sindicatos ou ter caráter intersindical.

A Justiça do Trabalho, no entanto, reconhece a arbitragem em dissídios coletivos, mas permanece dividida com relação à sua aplicação nos dissídios individuais. Ainda que em suas diferentes instâncias alguns juízes e desembargadores venham aceitando a resolução extrajudicial para discutir relações de emprego, por entenderem que "pessoas capazes de contratar estão habilitadas a discutir seus direitos", essa está longe de ser uma posição pacífica no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Até recentemente, essa posição, que sempre esbarrou na oposição do Ministério Público do Trabalho, era minoritária. Agora, contudo, a contagem está empatada. No início de dezembro, a 4ª turma do TST publicou um acórdão no qual permite que a Câmara de Mediação e Arbitragem de Minas Gerais (Camec) arbitre um litígio trabalhista, desde que o contrato de trabalho já esteja encerrado e o ex-funcionário e a empresa manifestem concordância expressa. A Procuradoria Regional do Trabalho da 3ª Região ainda pode recorrer. Mas, nos meios forenses e jurídicos, a decisão da 4ª turma foi vista como um importante avanço.

Com isso, o TST contabiliza quatro decisões contrárias à utilização da arbitragem em conflitos individuais, fundadas com base na tese de que os direitos trabalhistas seriam inegociáveis, e quatro decisões favoráveis, em julgamento de turmas. O desempate ficará a cargo do plenário, quando tiver de julgar algum recurso impetrado por procuradores do trabalho, empregadores ou ex-empregados. Como existe a possibilidade de a última instância do Trabalho anular posteriormente o que foi decidido com base em mediação ou arbitragem, as entidades empresariais não recomendam o uso da resolução extrajudicial enquanto a Corte não firmar jurisprudência sobre a matéria.

A divergência entre os ministros do TST é de caráter doutrinário e a questão central é saber se os direitos trabalhistas são indisponíveis ou se seus titulares podem abrir mão de alguns deles ? como férias, horas extras e diferenças salariais, por exemplo ? num processo de negociação. Para alguns ministros do TST, o uso da arbitragem para dissídios individuais ajuda a desafogar a congestionada Justiça do Trabalho e permite aos trabalhadores receber as indenizações a que têm direito num prazo menor do que se fossem para os tribunais.

Para outros ministros, a disparidade de posições entre as partes na resolução extrajudicial de conflitos, onde não há direito de recurso, deixaria os trabalhadores ? principalmente os que têm poucos anos de estudo ? numa situação de vulnerabilidade, na medida em que poderiam ser pressionados ou coagidos pelos antigos patrões. Para o juiz Luciano Athayde Chaves, presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), a arbitragem em matéria de direito individual do trabalho somente poderia ser admitida em casos envolvendo altos executivos. Isto porque, além de terem capacidade de discernimento, eles exercem funções protegidas por "cláusulas de confidencialidade". Já para os advogados, com a crescente diversificação das atividades produtivas e o advento de novas formas de contratação e de remuneração, a arbitragem tornou-se o procedimento mais eficaz para a resolução de litígios trabalhistas nos setores econômicos mais sofisticados.

Como tão cedo o TST não conseguirá firmar jurisprudência sobre a matéria, a arbitragem nas relações individuais de trabalho, que hoje é adotada em larga escala nos países desenvolvidos, ainda vai demorar algum tempo para se consolidar no País.

O SALÁRIO MÍNIMO E O SETOR PÚBLICO
EDITORIAL
O ESTADO DE S. PAULO
1/1/2010

Entra em vigor, hoje, o aumento do valor do salário mínimo de R$ 465 para R$ 510, por medida provisória (MP). O aumento nominal de 9,67% e real de pouco mais de 5% tem um impacto muito maior na administração pública do que nas empresas privadas.

Nos principais centros econômicos muitos trabalhadores já percebem mais do que o mínimo. Foi pequena a repercussão pública das leis estaduais que estabeleceram pisos salariais superiores ao federal, como é o caso de São Paulo, onde o mínimo de 2009 já era de R$ 505, do Rio de Janeiro e do Paraná, com valores ainda maiores, conforme as atividades exercidas.

Já nos Estados e municípios, em especial nos mais pobres, o aumento do salário mínimo obriga os governos locais a cortar investimentos, inclusive gastos com saúde e educação, dada a pressão sobre as contas públicas. Mas, o efeito na opinião pública fica circunscrito.

É nas contas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que o impacto do aumento do salário mínimo é mais visível, pois 15,1 milhões de pessoas têm as aposentadorias e pensões atreladas ao piso e 3,4 milhões recebem outros benefícios pagos pelo Tesouro.

O aumento mensal do piso, de R$ 45, terá um impacto anual estimado em R$ 7,78 bilhões na Previdência Social. Mesmo descontando o efeito positivo para as contas da Previdência decorrente do aumento do valor das contribuições, o custo líquido anual da correção do piso é elevado.

As contas do INSS também serão afetadas pela correção de 6,14% aplicada às aposentadorias com valor superior ao piso, beneficiando 8,3 milhões de pessoas, ao custo anual de R$ 6,7 bilhões.

A MP do salário mínimo engessa a administração dos sucessores de Lula, pois determina que o governo mande para o Congresso regras de aumento do piso até 2023 ? e com maioria na Câmara, mais as benesses concedidas aos sindicalistas da base de apoio, o governo não deverá encontrar dificuldades em amarrar as futuras administrações.

No passado, o aumento do piso era visto como ameaça inflacionária, por estimular artificialmente a demanda. Hoje, o problema é outro: setores que não podem obter receitas adicionais, como Previdência, Estados e municípios, terão de escolher entre déficit e cortes, eventualmente até de servidores. Seria mais sensato, por exemplo, desvincular o aumento do salário mínimo do dos benefícios previdenciários.

APROVAÇÃO EM ALTA
EDITORIAL
FOLHA DE S. PAULO
1/1/2010

Programas sociais e bom desempenho econômico elevam popularidade de Lula, mas progresso não deve ser superestimado

LUIZ Inácio Lula da Silva entra no último ano de seu segundo mandato ostentando a maior popularidade já obtida por um presidente da República desde que o Datafolha começou a fazer essa avaliação do governo federal, em 1990.
Conforme os números da pesquisa realizada entre os dias 14 e 18 de dezembro, Lula atingiu 72% de aprovação (ótimo/bom), contra apenas 6% que avaliaram seu governo como ruim ou péssimo. O percentual dos que consideram seu desempenho regular é o menor já verificado -21%.
O significado do fenômeno Lula fica ainda mais evidente quando contrastado, por exemplo, com a popularidade de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, em dezembro de 2001, decorridos também sete anos de governo tucano. FHC tinha então uma aprovação de 24%, contra 35% que avaliavam sua gestão como ruim ou péssima.
O ano de 2002, último de FHC, foi marcado por agudas incertezas na economia, em parte derivadas da perspectiva de vitória de Lula. Ninguém pode prever que surpresas nos reservará a política, mas o cenário para a economia em 2010 é favorável, com estimativas de crescimento em torno de 5%. Há, pois, condições para Lula encerrar o mandato com aceitação expressiva.
Vale lembrar que, no momento mais crítico da passagem de Lula pelo poder, em meados de 2005, sua popularidade sofreu abalo significativo. Em agosto daquele ano, dois meses após esta Folha ter revelado o escândalo do mensalão, a aprovação do presidente atingiu o menor nível: 31%, contra 26% que qualificavam a gestão de ruim ou péssima. Na ocasião, 83% dos eleitores diziam acreditar que havia corrupção no governo federal.
A curva da aprovação de Lula ao longo do segundo mandato é ascendente, com leve recuo em março deste ano, que se pode atribuir à crise mundial. A maneira como o Brasil atravessou a tormenta global acabou consolidando o apoio popular ao governo num ano que, de resto, foi marcado por vários eventos de grande impacto simbólico -do pré-sal até a escolha do Rio como sede olímpica em 2016.
Dos programas sociais à alta no salário mínimo, passando pela retomada do emprego, há razões que ajudam a explicar a percepção popular do governo. Não se pode, porém, perder o sentido de continuidade dos avanços do país desde a conquista da estabilidade monetária. Tampouco se devem, em contrapartida, superestimar os efeitos do progresso numa sociedade ainda muito desigual, que nem sequer universalizou saneamento e habitação e apresenta índices medíocres de qualidade em saúde e educação.
Em si mesma um dado positivo, como termômetro de satisfação social, a popularidade de Lula tem servido de pretexto ou de ocasião para investidas autoritárias, muitas vezes mais manifestas nos áulicos que o rodeiam do que no próprio presidente.
Lula alimenta o culto à sua personalidade e dele se serve, mas percebeu que a sociedade e as instituições não permitiriam que especulações sobre um terceiro mandato prosperassem. É uma pena que o presidente não tenha aproveitado sua legitimidade para oxigenar a política. Seu governo desde o início fez a opção pela fisiologia e renovou o pacto com o atraso em troca da comodidade no poder.

POUSOS E DECOLAGENS
EDITORIAL
FOLHA DE S. PAULO
1/1/2010

O CONSELHO Municipal do Meio Ambiente, ligado à Prefeitura de São Paulo, determinou que o aeroporto de Congonhas reduza o horário de pousos e decolagens a partir de 3 de março. As operações, que hoje ocorrem das 6h às 23h, terão de observar a faixa das 7h às 22h, de segunda a sábado, e das 9h às 22h, aos domingos e feriados.
O conselho também exigiu que a quantidade de passageiros e o número de voos verificados em 2009 sejam fixados como limite máximo para os próximos anos, com exceção de 2014, quando ocorre a Copa do Mundo.
As medidas fazem parte de uma série de exigências para a concessão de licença ambiental ao aeroporto, o segundo maior em movimento de passageiros do país. Em 2008, a Infraero foi multada em R$ 10 milhões pelo fato de Congonhas funcionar sem a autorização dos órgãos ambientais da capital.
Por mais que o aeroporto represente alternativa mais cômoda para viajantes, sua localização se tornou problemática com o passar dos anos e causa transtornos em diversos bairros da cidade cortados pelas rotas.
As empresas aéreas, que já resistem às determinações, melhor fariam se concentrassem seus esforços em cobrar o poder público para que entregue o que tem prometido desde o grave acidente de julho de 2007.
Naquela ocasião, muito se falou de parcerias com a iniciativa privada para dinamizar a Infraero, projetar novos aeroportos, ampliar os existentes e interligá-los com linhas férreas. Mas, até aqui, além de estudos, discussões e embates entre lobbies, quase nada foi feito.

CENÁRIO DE CRÉDITO
EDITORIAL
A GAZETA
1/1/2010

A política monetária pilotada pelo Banco Central brasileiro obteve reconhecimento internacional como um dos principais trunfos do país para atravessar a crise sem consequências mais drásticas. E para sair dela com rapidez.

A questão que se coloca neste início de 2010 é se essa política terá o mesmo sucesso como pilar fundamental para o crescimento econômico projetado - que, aliás, não é nada modesto. O próprio Banco Central aposta em taxa anual de 5,8%.

Pelo menos desde o Plano Real será a primeira vez que o país saltará de um cenário de crise (2009 deve ser fechado com crescimento zero ou ligeiramente negativo) para um patamar de crescimento elevado. A taxa de 5,8% é historicamente muito alta na trajetória da economia brasileira.

Há sinais de preparativos para isso em termos de liquidez. O volume de empréstimos do BNDES atingiu o recorde histórico de R$ 137,3 bilhões em 2009, ano atípico em razão da crise, o que representa expansão de 49% em relação aos desembolsos de R$ 92,2 bilhões registrados em 2008. Somente para micro e pequenas empresas, os repassases somaram R$ 16,52 bilhões, contra R$ 13,34 bilhões em 2008. O aumento foi de 23,8%.

O desempenho do banco de fomento é atribuído ao esforço para ofertar capital de giro para socorrer empreendimentos em período de retração de crédito no mercado privado. Agora é a vez do investimento das empresas para ampliar e modernizar a produção, e isso torna necessário que o BNDES continue ampliando a disponibilidade de recursos.

Os bancos públicos de varejo, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, também tiveram atuação destacada na ampliação da liquidez em 2009. As carteiras de crédito dessas instituições cresceram até limites próximos aos estabelecidos pelo Banco Central. Desde junho de 2004, os bancos privados vinham puxando a ampliação do crédito no país, mas cederam espaço aos concorrentes públicos que passaram a liderar o mercado em 2009. O BB e a Caixa respondem hoje pela metade do crédito consignado em todo o país. Há um ano, a participação de ambos não passava de 30%.

Presume-se acirramento da disputa bancária em 2010 - o que tende a ser benéfico para a economia - em função das seguintes ocorrências: aumento de demanda de recursos para pessoas físicas, refletindo o crescimento do PIB; necessidade de financiamento para empreendimentos oficiais como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e Minha Casa, Minha Vida; e procura por empréstimos para investimentos visando à Copa do Mundo em 2014.

É fundamental que esse cenário encontre efetivamente a política de crédito compatível. Não bastam benefícios tópicos - que têm proliferado, felizmente -, por meio de linhas direcionadas. Que se multipliquem essas ofertas, mas que também haja maior facilidade para os demais tomadores.

É verdade que, na virada de 2009 para 2010, acentuou-se o recuo do juro bancário de pessoa física, fato que já vinha ocorrendo desde agosto. Atingiu 43% ao ano e, segundo o Banco Central, este é o menor valor desde o início da série disponibilizada pela instituição, em julho de 1994. Convenhamos, porém, que se trata de patamar ainda muito elevado.

Espera-se que a forte deflação registrada pelo IGP-M em dezembro (o índice caiu 0,26%) represente sinalização de espaço para redução mais acentuada dos juros. E que percentuais mais próximos à Selic cheguem na ponta do mercado de crédito, beneficiando o consumidor final.

RESCALDO DE UMA DÉCADA
EDITORIAL
ESTADO DE MINAS
1/1/2010

Brasil deve se firmar em 2010 como nação de economia fortalecida

Raia 2010, ano de Copa do Mundo (África do Sul) e de eleições presidenciais no Brasil, cuja economia promete crescimento superior a 5%. Foi-se a primeira década do século 21, no decorrer da qual a globalização cristalizou-se. Ano-novo é sempre maquiado pela esperança, apesar das costumeiras conturbações e crises em diferentes setores da atividade humana, às vezes, cerceada pela violência crescente, pela banalização da vida e pela fragilidade das instituições, notadamente as públicas. Enfim, os anos 2000 se iniciaram com a evidência do terrorismo, com os atentados às Torres Gêmeas (Nova York) e ao Pentágono (Washington), em 11 de setembro de 2001. Pouco se avançou no combate à insegurança da sociedade nas grandes cidades, aqui, ali e acolá. Na década, a droga espalhou seus tentáculos, empanando a vida de jovens e suas famílias, muitas instáveis e inseguras.

No mundo, na primeira década do século, o fundamentalismo falou alto nos campos religioso, científico e político, causando apreensão, medo e ceticismo. A guerras do Iraque foi deflagrada (23/3/2003) com o intuito de libertar um povo, mas acabou virando um espinho atravessado na garganta dos Estados Unidos, que ainda insiste em achar que o país do Golfo viverá em paz depois de uma ocupação espúria e rançosa. Se não bastasse, há um mês, o governo Obama anunciou o envio de mais tropas para o Afeganistão, onde caça Osama bin Laden e seus amigos talibãs.

Mesmo com novas descobertas tecnológicas, a primeira década viu a expansão incontestável da internet, que começou a engatinhar em 1994 e em 15 anos explodiu, fazendo do planeta realmente uma bola de gude plugada na rede virtual. Na área da biotecnologia, avanços substantivos levaram o homem a saber mais sobre o que pode tirar da natureza e de si próprio para uma existência terrena mais longa e salutar.

No Brasil, a economia enfrentou com boa sustentação a turbulência da crise internacional eclodida em setembro de 2008, tanto que o país ganhou status internacional em cúpulas que reuniram dirigentes de nações ricas, que admitiram nos últimos encontros que nada podem fazer sem ouvir os países emergentes, notadamente os integrantes do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), além de outros, o que desaguou na criação de um novo grupo, o G-20. Disso resultou a expressiva popularidade do presidente Lula, dentro e fora do Brasil. Seu governo chega agora no último ano prejudicado, porém, pela falta de atitude maior para combater a corrupção na política, restabelecendo a ética na vida pública. O cenário carece de uma reforma de base nessa área, mas que deve ficar para o próximo mandatário articular junto ao Congresso Nacional.

Raia 2010. Temos, como bons brasileiros, de acreditar em dias melhores. Nas eleições deste ano, os quase 130 milhões de eleitores devem ir às urnas para eleger parlamentares, governadores e presidente de República. A nação brasileira esbarra nos 200 milhões de almas, cuja expectativa de vida supera os 72 anos. A vida segue depois dos fogos que iluminaram os céus deste país continental e candidato a ser potência mundial, mesmo que muitos agourentos não queiram. Ao trabalho, pois. Afinal, é o melhor que podemos fazer, pois só ele constrói o bem-estar econômico e social de um povo com sustentabilidade.

SOBERANIA AMBIENTAL
EDITORIAL
CORREIO BRAZILIENSE
1/1/2010

A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas foi um fracasso. Essa foi a ideia inicial que o encontro passou. Não por falta de colaboração de alguns dos principais agentes da cena política internacional. Muitos chefes de Estado – aí incluído o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – deixaram Copenhague antes mesmo de o documento final, melhor dizendo, o arremedo de documento final ter sido firmado e depois “desaprovado” por pressão de países mais pobres, notadamente da África. A sensação foi de grande frustração, menos para o presidente Lula, que surpreendeu com propostas modernas, pela defesa firme de metas realistas e verdadeiras. Deixou o encontro respeitado tanto pelos ambientalistas quanto pela mídia internacional. Agora, o Brasil volta à cena ecológica e abre caminho para que o aparente fracasso possa encontrar uma boia de salvação e evitar o naufrágio das boas intenções.

O presidente Lula sancionou o projeto sobre mudanças climáticas, mantendo a meta que tinha levado à Dinamarca, de redução das emissões de gases de 36,1% a 38,9% até 2020. É meta ousada, carente ainda de detalhamento, o que só será feito depois que a nova lei for regulamentada. Normalmente, é nessa etapa do processo que os lobbies dos setores diretamente envolvidos atuam com mais desenvoltura, já que fica mais difícil ao público compreender o que é e o que não é politicamente correto na formulação da regulamentação.

Os grupos envolvidos na defesa do meio ambiente, no entanto, são marcados pela forte vigilância que costumam manter sobre os interesses ecologicamente corretos. Se Lula foi política e ecologicamente correto com a nova legislação, o preço da preservação do planeta passará a ser a eterna vigilância, tanto na hora da regulamentação, quanto na aplicação das novas regras.

É importante que o Brasil, dono da mais rica natureza do planeta, tenha marcado posição firme na questão. Agora, é hora de deixar de lado a retórica bonita da boca para fora e pôr em prática o que está no campo das boas intenções. A começar por um projeto realista para a Amazônia, que ainda é palco de uma guerra surda entre governo, ecologistas e fazendeiros, de olho gordo na imensa fronteira agrícola que a floresta impede que seja aberta.

Proteger e saber explorar bem a região é o melhor caminho para que o Brasil, de forma pacífica e ainda dando exemplo aos demais países, possa reafirmar de uma vez por todas a soberania do maior patrimônio ambiental do planeta. A Amazônia é apenas um exemplo, diante da riqueza natural deste país continental e de tantos e variados habitats. Mas é o que mais chama a atenção do resto mundo e, por isso, se tornará vitrine que pode pôr o Brasil em vanguarda nas relações internacionais. Basta cumprir as promessas.

DE ACERTOS E DESACERTOS
EDITORIAL
JORNAL DO COMMERCIO (PE)
1/1/2010

“O principal acerto foi a captação que fizemos. Resolvemos o Capibaribe Melhor. Nós estávamos para perdê-lo. Concluímos o projeto do Pilar, resolvemos o impasse que havia do PAC Beberibe de R$ 140 milhões, articulamos o PAC Drenagem, o PAC Habitação, conseguimos o financiamento dos quiosques no Ministério do Turismo, entramos no PAC das cidades históricas, estamos viabilizando a Via Mangue com o PAC da Copa, estamos para financiar a revitalização do Centro. São quase R$ 700 milhões já captados”. Esse balanço foi feito pelo prefeito do Recife, João da Costa, na parte final da entrevista que concedeu ao JC, numa avaliação de seu trabalho em 2009.
Se abstrairmos tudo mais e fixarmos o foco do governo do Recife nesse pequeno quadro será suficiente para dizer que, enfim, João da Costa tem o que mostrar. E não é pouco, quando se considera que o processo de aprovação, desenvolvimento e consolidação de um projeto de vulto passa por incontáveis obstáculos em nosso sistema administrativo. Da formulação do projeto à sua viabilização financeira – quase sempre dependente de transferências federais –, da licitação à licença ambiental é preciso percorrer uma longa trilha que faz a via-crúcis de qualquer governante.
A do prefeito do Recife consiste exatamente ter gasto nesse percurso, como parece, todo o ano de 2009, do que decorreram os desgastes típicos de quem tem que enfrentar o contraditório, a oposição fora e dentro do mesmo bloco partidário. Disso a atual administração foi pródiga. Bem cedo brotaram dúvidas sobre a habilidade de João da Costa e o que se supunha ter sido uma jogada de João Paulo, o antecessor, exatamente para não ter ninguém lhe fazendo sombras ou minimizando sua passagem pelo Palácio Capibaribe, daí não ter aberto o caminho para figuras bem mais sólidas até mesmo dentro do seu partido.
E se 2009 parece hoje ter sido o período de sedimentação dessa ideia, contra ela vem ganhando forma o contrário: que João da Costa parece ter vida própria, não sumiu inteiramente sob o legado de seu padrinho eleitoral, politicamente começa a trabalhar uma identidade diferente da do líder que lhe deu vida, e até administrativamente começa a engrenar um ritmo que pode fazer de 2010 sua sepultura política – se o ritmo for apenas encenação – ou o passaporte para se colocar ao lado de outros nomes expressivos da vida pública em Pernambuco.
O que aponta nessa direção é, até mesmo, a habilidade com que o prefeito driblou as perguntas de nossa editoria de Política, todas fundadas no quadro que vem se desenhando desde sua posse como alter ego de João Paulo, até os momentos em que sua capacidade administrativa começou a ser posta em dúvida. Arriscamos, mesmo, nesta previsão: o que não parece haver dúvida é de que 2010 servirá para cortar todas as arestas – mesmo que apenas pelo efeito eleitoral – aproximando criatura e criador em torno das mesmas bandeiras, como de resto acontece, na aproximação de eleições com todos os candidatos. A tradição mostra que entram em sintonia e verbalizam os mesmos discursos, como se tudo mais não tivesse passado de equívocos e intriga da oposição.
Enfim, se é um fato que os acertos apontados pelo prefeito João da Costa podem representar sua afirmação pessoal como homem público, também é um fato que muitos desacertos aí estão para ser atacados, não tanto como decorrentes da ausência da sua administração mas como o aprofundamento de omissões sucessivas. É justo que se debite a todas as administrações passadas do Recife o acúmulo dos problemas urbanos que caíram nas mãos de João da Costa, assim como será justíssimo creditar ao prefeito tudo que ele conseguir fazer avançar para a solução de males como a ocupação desordenada de nossas ruas pelo comércio informal, a limpeza, o saneamento, a saúde da família, o transporte, onde encontramos os mais visíveis desacertos crônicos da história administrativa do Recife.

O QUE TRAZ 2010
EDITORIAL
O POVO (CE)
1/1/2010

Para o Brasil e a América Latina, o novo ano chega emoldurado pela confiança de se estar adentrando uma das melhores fases da sua história política
Como acontece em toda mudança de ano, 2010 será saudado, no fim da noite de hoje, com os votos da esperança que faz mover os corações humanos. Trata-se de um ritual indispensável para simbolizar a autodisposição a um novo recomeço de vida e a uma nova recarga de energias para o enfrentamento dos desafios que vêm pela frente.

Poucas vezes, os brasileiros terão se mostrados tão confiantes na chegada de um novo ano, como hoje. Tudo aponta para melhores dias na economia - que é a base para todas as demais projeções na vida de uma sociedade & e, junto com ela, as expectativas nos campos social e cultural e, de maneira muito particular, na área política (já que teremos pela frente uma eleição nacional).

No mundo inteiro, assistem-se aos sinais de uma recuperação ainda tímida, na esfera econômica, mas ganhando consistência cada vez mais, apesar de tremores ocasionais de acomodação. A boa notícia é que a América Latina sofreu menos do que outras regiões os efeitos da crise e aguarda o novo ano com serenidade.

Nos EUA, o ano será decisivo para as pretensões de Barack Obama, pois ocorrerão eleições legislativas e ele poderá perder a maioria, se não conseguir fazer avançar a política doméstica. O tempo é curto para produzir resultados que lhe devolvam os índices de aprovação minimamente confortáveis. No campo externo, será difícil superar os desacertos em relação à América Latina, causados pela política dúbia, em relação ao golpe em Honduras, à instalação de bases militares na Colômbia e a manutenção da Quarta Frota Naval. No âmbito mais amplo, da arena internacional, as hesitações, contradições e paradoxos de uma política supostamente comprometida com o multilateral ismo. A Rodada de Doha e a Conferência de Copenhagen são frustrações difíceis de atenuar o desgaste de Obama.

O destaque obtido pela política internacional brasileira é indubitável e o prestígio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o carro-chefe a dar sustentabilidade às iniciativas destinadas a delimitar um espaço próprio para o Brasil na disposição da nova correlação mundial de forças. A posição de princípios, adotada pelo País, no caso de Honduras, e a firmeza demonstrada granjeou-lhe respeito internacional, sobretudo na América Latina. A demonstração de autonomia, no que diz respeito, à interpretação do que deve ser essa nova ordem, com a determinação soberana de decidir & a partir do interesse nacional & com quem deve se relacionar e sob que base política e estratégica, continuará a gerar reações de interesses contrariados e incompreensões (inclusive em nível interno), mas parece ser algo que veio para ficar. O grande mérito do Brasil é passar a mensagem de que a democracia é um valor permanente e não deve ficar cingida a interesses conjunturais, mas ser consequente, mesmo quando isso afete estratégias de poder de qualquer força política e econômica. Que 2010 seja a confirmação desse compromisso
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